segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Maysa


É gostosa a sensação que tenho quando leio o texto que postarei abaixo. Me dá um prazer estranho sabe. Uma coisa diferente. E uma vontade incrível de ter escrito um texto assim. Perfeito. Que descreve perfeitamente o que sinto a respeito do assunto.
E o assunto em questão é Maysa. Obrigada Cláudia, por ter posto no papel exatamente tudo o que eu tive vontade de colocar mas não consegui. E a propósito também sou sua fã! Mas isso é assunto pra um outro post!rs!
É bem verdade que até segunda feira última jamais tinha ouvido falar nela, e é bem verdade também que simplesmente me apaixonei por essa mulher tão apaixonada. E independente de ter sido polêmica e ter recebido todos os rótulos bons e ruins, sem sombra de dúvidas era uma mulher a frente de seu tempo. Fico pasmada ante a televisão vendo a incrível interpretação de Larissa Maciel na pele de Maysa. Incrivelmente linda e deslumbrante. Uma interpretação ímpar, de emoções e expressões pulsantes e muito fortes. Coisa de tiete mesmo...

" Nosso mundo ainda cai

Se ela soubesse o que anda provocando por aqui, mais de 30 anos após sua morte, ficaria orgulhosa. Maysa virou desde segunda - feira passada, uma obsessão feminina. Sim, uma obsessão passageira, mas ainda assim absolutamente coerente com a personagem em questão e com o tipo de sentimento que ela mesma alimentava. Maysa era uma figura estranha, intensa, extremada, única.
Mas a impressão que se tem nesses dias de minissérie é que cada uma das espectadoras se identificou um pouquinho, um pouquinho mesmo que seja. Porque Maysa é a essência da trajetoria da mulher contemporânea. Ou você não percebeu que ali, nas entrelinhas, ela simboliza toda aquela nossa ladainha sobre as dificuldades de ser mulher, mãe, profissional etc, etc? Enquanto a maioria das mulheres ainda se conformava com o papel de rainha do lar, ela, desde cedo, chutou o balde como poucas e pagou caro como muitas.
A ideia não é endeusar a mãe de Jayme Monjardim, não. Se nem ele está fazendo isso, não serei eu a doida aqui. Maysa era, como parece ter dito Ronaldo Bôscoli, mimada mesmo. Era imatura, intransigente e auto-destrutiva e nada disso é digno de se louvar. Mas era uma apaixonada. E uma transgressora. Botou a cara a tapa para que nós, hoje, tenhamos, por exemplo, o direito de decidirmos nossa vida amorosa e sentimental sem interferências. Abriu mão de um casamento apaixonado e milionário para, mesmo que inconscientemente, provar que nossa independência era um caminho sem volta. Usou o talento e o sucesso para dar passos importantes para nós. Mostrou ao mundo o que é ter estilo.
O lado triste dessa história é perceber, a cada capitulo, que toda essa irreverencia e transgressão vinham acompanhadas de imensa angústia e solidão. E mais triste do que notar que Maysa pagou com infelicidade é saber que esse roteiro ainda se repete. E muito. Quantas de nós não sucumbimos à tristeza diante da incapacidade de se conciliar tudo o que desejamos e acreditamos que é preciso para ser feliz? Quantas de nós ainda caímos na armadilha de que é possível se realizar sem fazer concessões? Foi só Maysa ou faz tempo que a gente sofre por não conseguir abraçar o mundo? E quando a gente fica numa busca incessante de sei lá o quê?
Não sei, não, mas acho que a gente tem bastante a aprender na frente da TV esses dias. Nem que seja a lição de que marido milionário, com sobrenome e apaixonado não é coisa que se dispense, e sogra chata a gente tem que aprender a lidar. Ou que cabelão, caftan (aquele vestidão tipo bata indiana) e olhos fortemente delineados são superfashion. Ou ainda que talento combina com sofrimento. E que homem, se lhe pareceu canalha uma vez, canalha será sempre. Ah sim, e que mais perigoso do que dirigir bêbada é dirigir Brasília trocando fita-cassete. Ok, ok, foi só piada.
Talvez a gente só precise se dar conta de que não vale a pena se levar tão sério e nossos sonhos são importantes, mas sonhar sozinho pode ser, de fato, muito solitário. Além de escolhas, a vida, sabemos bem, é feita de ajustes. E Maysa não soube - ou não quis - se ajustar."

Por Cláudia Cecília do Jornal O Dia

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